O Embraer A-29 Super Tucano é um dos turboélices de ataque ligeiro e treino avançado mais bem-sucedidos do mundo, somando mais de 260 unidades produzidas e em operação em mais de 15 forças aéreas. Concebido como uma plataforma robusta, de baixos custos operacionais e elevada versatilidade, o Super Tucano provou o seu valor em teatros de operações reais, acumulando mais de 550 mil horas de voo, das quais 60 mil em combate.
Com a decisão de adquirir 12 aeronaves A-29N — uma
versão especialmente configurada segundo os padrões NATO — a Força Aérea
Portuguesa (FAP) tornar-se-á o primeiro operador europeu da plataforma,
reforçando as suas capacidades de treino avançado, apoio aéreo aproximado (CAS)
e vigilância armada (ISR).
O A-29 Super Tucano – A Plataforma Standard
O A-29 Super Tucano standard foi desenvolvido para
desempenhar missões de ataque ligeiro, contra-insurgência, vigilância,
patrulhamento armado e treino avançado de pilotos.
Propulsão e desempenho
A aeronave é equipada com um motor Pratt & Whitney
PT6A-68C, debitando 1 600 shp, que lhe permite atingir 590 km/h de
velocidade máxima, um teto operacional de 10 668 m e uma razão de subida
de 3 240 ft/min. A autonomia ronda os 1 330 km (3,4 horas),
podendo ser estendida até 5,2 horas com tanques externos.
Estrutura e cockpit
Com um peso máximo à descolagem (MTOW) de 5 400 kg, o
A-29 foi concebido para operar em pistas não preparadas, garantindo
elevada disponibilidade. O cockpit, compatível com óculos NVG, adota
filosofia HOTAS, HUD e três MFD digitais, replicando a
interface de caças de 4.ª geração.
Aviónicos e sensores
O sistema de missão inclui INS/GPS, gravador de dados
de voo, sistema de treino embutido (Embedded Training System), e a
possibilidade de integração de sensores EO/IR com designador laser,
viabilizando o emprego de armamento guiado.
Armamento
O A-29 transporta duas metralhadoras FN Herstal M3P .50
(12,7 mm) integradas, com 200 munições cada, e até 1 550 kg de carga
externa distribuída por cinco pilones. O leque de armamento inclui bombas
guiadas a laser (GBU-12/58), JDAM, foguetes guiados, mísseis AGM-114 Hellfire,
pods de canhão de 20 mm, bem como armamento não guiado. O Stores
Management System (SMS) oferece modos de lançamento CCIP e CCRP.
O A-29N – A Configuração NATO para Portugal
A versão A-29N foi desenvolvida pela Embraer em
cooperação com parceiros portugueses, de modo a cumprir os requisitos
operacionais e de interoperabilidade NATO, representando um salto
qualitativo face à versão standard.
Comunicações e interoperabilidade
O A-29N incorpora rádios V/UHF seguros com encriptação,
SATCOM integrado, Link 16, ROVER para transmissão de vídeo
em tempo real e DACAS (Digital Aided Close Air Support), essencial para
operações CAS modernas em ambiente multinacional.
Sistemas defensivos
A nova versão recebe uma suite defensiva alargada,
com MAWS (aviso de mísseis), RWR (aviso radar), lançadores de
chaff e flares (CMDS) e blindagem reforçada. Esta configuração
aumenta a capacidade de sobrevivência em cenários de maior ameaça.
Sensores e navegação
Equipada com uma torreta EO/IR de última geração,
designador laser integrado e navegação EGI compatível com padrões NATO,
o A-29N permite emprego de armamento de precisão e integração plena em
operações conjuntas.
Treino avançado
A FAP irá dispor de simuladores de última geração,
com realidade virtual e aumentada, além do Embedded Training System,
permitindo reduzir as horas de voo real necessárias para treino de pilotos.
Apoio logístico e industrial
O contrato, avaliado em 200 milhões de euros, inclui
não só aeronaves e simuladores, mas também um pacote logístico e de suporte
industrial, com participação de empresas nacionais como OGMA, CEiiA, GMV e
Empordef. Estima-se um retorno de 75 milhões de euros para a
indústria portuguesa, fortalecendo a soberania tecnológica nacional.
Comparação Técnica – A-29 vs A-29N
|
Característica |
A-29 Super Tucano (Standard) |
A-29N (Versão NATO – Portugal) |
|
Motor |
Pratt & Whitney PT6A-68C (1 600 shp) |
Igual |
|
Velocidade máx. |
~590 km/h |
~590 km/h |
|
Teto de serviço |
10 668 m |
10 668 m |
|
Razão de subida |
~3 240 ft/min |
~3 240 ft/min |
|
Autonomia |
~1 330 km (~3,4 h) |
Até 5,2 h com tanques externos e sensores |
|
Peso máx. descolagem (MTOW) |
5 400 kg |
5 400 kg |
|
Armamento fixo |
2× metralhadoras .50 (12,7 mm) |
Igual |
|
Carga externa |
Até 1 550 kg em 5 pilones |
Até 1 550 kg em 5 pilones, com SMS NATO |
|
Armamento suportado |
Bombas guiadas, foguetes guiados, AGM-114 Hellfire, pods
20 mm, não guiado |
Igual, mas com integração plena NATO (SMS conforme STANAG,
Link 16) |
|
Cockpit |
HOTAS, HUD, 3× MFD, NVG |
Igual, com software NATO e mission data loads |
|
Aviônicos e sensores |
INS/GPS, EO/IR opcional, ETS |
EO/IR avançado, designador laser integrado, EGI NATO,
mission data loads |
|
Comunicações |
Rádios V/UHF standard |
V/UHF seguros, SATCOM, Link 16, ROVER, DACAS |
|
Sistemas defensivos |
CMDS básico |
MAWS, RWR, CMDS avançado, blindagem reforçada |
|
Treino |
Embedded Training System (ETS) |
ETS + simuladores VR/AR/MR |
|
Manutenção |
Estrutura robusta, pistas não preparadas |
Igual, com apoio industrial português |
|
Operadores |
+15 forças aéreas em 4 continentes |
Portugal (primeiro operador europeu) |
Conclusão
O A-29 Super Tucano consolidou-se como uma das
aeronaves mais versáteis e rentáveis da sua classe, provando-se em combate e em
missões de treino avançado. Já o A-29N, que equipará a Força Aérea
Portuguesa, representa uma evolução significativa, ao incorporar sistemas
de comunicações, sensores e defesas compatíveis com a NATO, além de
oferecer um salto qualitativo na formação de pilotos e na capacidade de
projeção internacional.
Com esta aquisição, Portugal não apenas moderniza a sua frota, mas também se torna pioneiro europeu na operação de uma plataforma que alia baixo custo, elevada eficácia e total interoperabilidade NATO, reforçando assim a sua relevância operacional no seio da Aliança Atlântica.




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