O governo espanhol decidiu suspender indefinidamente a negociação para adquirir os caças F-35 da americana Lockheed Martin, optando por concentrar os seus investimentos em alternativas europeias — uma escolha com profundas implicações estratégicas, políticas e industriais.
Contexto da decisão
Fim dos F-35: O Ministério da Defesa suspendeu todos os contactos com os EUA para a compra das variantes F-35A (Força Aérea) e F-35B (apta para o porta-aviões), cancelando planos que chegavam a contemplar 45-50 unidades do tipo A e 12-15 do tipo B, num orçamento inicial de cerca de €6,25 mil milhões.
Investimento europeu: Através de um plano de aumento da despesa militar em mais de €10,5 mil milhões, o governo garantiu que 85-87 % dos recursos se destinarão à indústria de defesa europeia, penalizando assim a aquisição dos F-35
Alternativas propostas
Eurofighter Typhoon: Já em operação na Força Aérea, com
fábricas em Getafe e participação industrial significativa (14 % da produção
localizada em Espanha)
FCAS (Future Combat Air System): Programa futurista conjunto
com França e Alemanha para um caça de sexta geração com sistemas integrados,
stealth e drones acompanhantes (loating munitions). Previsto para entrar em
operação por volta de 2040
Outras plataformas europeias como o Rafale francês, o Gripen sueco ou os projetos Tempest/GCAP também são considerados.
Consequências estratégicas e desafios
Para a Marinha: Os Harrier AV-8B serão retirados até 2030,
mas sem substituto seguran te atualmente, pois o F-35B, que permitia operações
no porta-aviões Juan Carlos I, foi descartado, criando um potencial vazio
operacional naval
Para a Força Aérea: A aposta recai no Eurofighter para manter capacidades enquanto o FCAS amadurece. Contudo, o FCAS ainda enfrenta atrasos e disputas sobre partilha industrial.
Motivações políticas e geoestratégicas
Autonomia estratégica: O governo espanhol vincou a
importância de investir na indústria nacional e europeia em detrimento de
soluções externas — uma resposta direta ao aumento da pressão dos EUA para
elevar os gastos militares para 5 % do PIB, algo que Espanha rejeitou.
Tensões com os EUA e contexto europeu: A decisão ocorre num
contexto de crescente desconfiança entre aliados europeus em relação à política
dos EUA, especialmente sob Trump, que também criticou publicamente a Espanha
por não elevar os gastos militares.
Fiquem bem, Jorge Ruivo

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