No dia 10 de julho de 1999, a Força Aérea Portuguesa (FAP) disse adeus ao LTV A-7P Corsair II, encerrando uma era que marcou profundamente a aviação de combate em Portugal. A despedida da aeronave decorreu na Base Aérea N.º 5, em Monte Real, com uma cerimónia carregada de simbolismo, nostalgia e orgulho. O Corsair, robusto, confiável e temido, completava o seu derradeiro voo, depois de quase duas décadas ao serviço da soberania nacional.
Adquirido no início da década de 1980, o A-7P foi uma versão adaptada do modelo A-7A norte-americano, atualizada especificamente para as necessidades da FAP. Ao todo, Portugal recebeu 50 aeronaves A-7P, além de 6 TA-7C de treino, posteriormente redesignadas como TA-7P.
O A-7P representou um verdadeiro salto tecnológico para a FAP. Com cockpit moderno para a época, Head-Up Display (HUD), sistemas de navegação inercial e capacidade de transportar uma ampla variedade de armamento ar-solo, o Corsair trouxe capacidades que até então eram inéditas na força aérea nacional.
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Esquadra 302 Falcões |
Duas foram as esquadras que operaram o A-7P a partir da Base Aérea N.º 5 (BA5), em Monte Real:
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Esquadra 302 "Falcões"
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Esquadra 304 "Magníficos"
Ambas tiveram um papel essencial na operacionalidade do sistema de armas Corsair, assegurando o cumprimento de missões de ataque ao solo, apoio aéreo aproximado, interdição, e treino com armamento real em cenários nacionais e multinacionais.
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Esquadra 304 Magníficos |
64.000 Horas de Compromisso
Entre 1981 e 1999, a frota acumulou cerca de 64.000 horas de voo, um número impressionante que reflete o intenso ritmo operacional e o elevado grau de prontidão da aeronave e das suas equipas e foi pintado o A-7P 15521 com uma pintura alusivas às 64.000 horas. O Corsair participou em inúmeros exercícios nacionais e internacionais, desempenhando um papel vital na consolidação da doutrina de ataque da FAP e no treino de gerações de pilotos de combate.
Com a chegada dos primeiros F-16 Fighting Falcon à FAP, o fim do ciclo do Corsair tornava-se inevitável. Mais avançado, versátil e preparado para os desafios do século XXI, o F-16 assumiu o papel de principal vetor de combate da força aérea, substituindo o A-7P nas suas funções estratégicas e táticas.
No entanto, o legado do Corsair permanece vivo. Mais do que um simples avião, foi uma escola de voo, uma plataforma de treino, e um símbolo da transição da FAP para uma força moderna e profissional. Para os que o voaram, o mantiveram e o acompanharam, o A-7P foi – e sempre será – um ícone de determinação e missão cumprida.Fiquem bem, Jorge Ruivo