sábado, 30 de agosto de 2025

O A-29 Super Tucano e a versão A-29N para a Força Aérea Portuguesa

O Embraer A-29 Super Tucano é um dos turboélices de ataque ligeiro e treino avançado mais bem-sucedidos do mundo, somando mais de 260 unidades produzidas e em operação em mais de 15 forças aéreas. Concebido como uma plataforma robusta, de baixos custos operacionais e elevada versatilidade, o Super Tucano provou o seu valor em teatros de operações reais, acumulando mais de 550 mil horas de voo, das quais 60 mil em combate.

Com a decisão de adquirir 12 aeronaves A-29N — uma versão especialmente configurada segundo os padrões NATO — a Força Aérea Portuguesa (FAP) tornar-se-á o primeiro operador europeu da plataforma, reforçando as suas capacidades de treino avançado, apoio aéreo aproximado (CAS) e vigilância armada (ISR).

 

O A-29 Super Tucano – A Plataforma Standard

O A-29 Super Tucano standard foi desenvolvido para desempenhar missões de ataque ligeiro, contra-insurgência, vigilância, patrulhamento armado e treino avançado de pilotos.

Propulsão e desempenho

A aeronave é equipada com um motor Pratt & Whitney PT6A-68C, debitando 1 600 shp, que lhe permite atingir 590 km/h de velocidade máxima, um teto operacional de 10 668 m e uma razão de subida de 3 240 ft/min. A autonomia ronda os 1 330 km (3,4 horas), podendo ser estendida até 5,2 horas com tanques externos.

Estrutura e cockpit

Com um peso máximo à descolagem (MTOW) de 5 400 kg, o A-29 foi concebido para operar em pistas não preparadas, garantindo elevada disponibilidade. O cockpit, compatível com óculos NVG, adota filosofia HOTAS, HUD e três MFD digitais, replicando a interface de caças de 4.ª geração.

Aviónicos e sensores

O sistema de missão inclui INS/GPS, gravador de dados de voo, sistema de treino embutido (Embedded Training System), e a possibilidade de integração de sensores EO/IR com designador laser, viabilizando o emprego de armamento guiado.

Armamento

O A-29 transporta duas metralhadoras FN Herstal M3P .50 (12,7 mm) integradas, com 200 munições cada, e até 1 550 kg de carga externa distribuída por cinco pilones. O leque de armamento inclui bombas guiadas a laser (GBU-12/58), JDAM, foguetes guiados, mísseis AGM-114 Hellfire, pods de canhão de 20 mm, bem como armamento não guiado. O Stores Management System (SMS) oferece modos de lançamento CCIP e CCRP.

 


O A-29N – A Configuração NATO para Portugal

A versão A-29N foi desenvolvida pela Embraer em cooperação com parceiros portugueses, de modo a cumprir os requisitos operacionais e de interoperabilidade NATO, representando um salto qualitativo face à versão standard.

Comunicações e interoperabilidade

O A-29N incorpora rádios V/UHF seguros com encriptação, SATCOM integrado, Link 16, ROVER para transmissão de vídeo em tempo real e DACAS (Digital Aided Close Air Support), essencial para operações CAS modernas em ambiente multinacional.

Sistemas defensivos

A nova versão recebe uma suite defensiva alargada, com MAWS (aviso de mísseis), RWR (aviso radar), lançadores de chaff e flares (CMDS) e blindagem reforçada. Esta configuração aumenta a capacidade de sobrevivência em cenários de maior ameaça.

Sensores e navegação

Equipada com uma torreta EO/IR de última geração, designador laser integrado e navegação EGI compatível com padrões NATO, o A-29N permite emprego de armamento de precisão e integração plena em operações conjuntas.

Treino avançado

A FAP irá dispor de simuladores de última geração, com realidade virtual e aumentada, além do Embedded Training System, permitindo reduzir as horas de voo real necessárias para treino de pilotos.

Apoio logístico e industrial

O contrato, avaliado em 200 milhões de euros, inclui não só aeronaves e simuladores, mas também um pacote logístico e de suporte industrial, com participação de empresas nacionais como OGMA, CEiiA, GMV e Empordef. Estima-se um retorno de 75 milhões de euros para a indústria portuguesa, fortalecendo a soberania tecnológica nacional.

 

Comparação Técnica – A-29 vs A-29N

Característica

A-29 Super Tucano (Standard)

A-29N (Versão NATO – Portugal)

Motor

Pratt & Whitney PT6A-68C (1 600 shp)

Igual

Velocidade máx.

~590 km/h

~590 km/h

Teto de serviço

10 668 m

10 668 m

Razão de subida

~3 240 ft/min

~3 240 ft/min

Autonomia

~1 330 km (~3,4 h)

Até 5,2 h com tanques externos e sensores

Peso máx. descolagem (MTOW)

5 400 kg

5 400 kg

Armamento fixo

2× metralhadoras .50 (12,7 mm)

Igual

Carga externa

Até 1 550 kg em 5 pilones

Até 1 550 kg em 5 pilones, com SMS NATO

Armamento suportado

Bombas guiadas, foguetes guiados, AGM-114 Hellfire, pods 20 mm, não guiado

Igual, mas com integração plena NATO (SMS conforme STANAG, Link 16)

Cockpit

HOTAS, HUD, 3× MFD, NVG

Igual, com software NATO e mission data loads

Aviônicos e sensores

INS/GPS, EO/IR opcional, ETS

EO/IR avançado, designador laser integrado, EGI NATO, mission data loads

Comunicações

Rádios V/UHF standard

V/UHF seguros, SATCOM, Link 16, ROVER, DACAS

Sistemas defensivos

CMDS básico

MAWS, RWR, CMDS avançado, blindagem reforçada

Treino

Embedded Training System (ETS)

ETS + simuladores VR/AR/MR

Manutenção

Estrutura robusta, pistas não preparadas

Igual, com apoio industrial português

Operadores

+15 forças aéreas em 4 continentes

Portugal (primeiro operador europeu)

 



Conclusão

O A-29 Super Tucano consolidou-se como uma das aeronaves mais versáteis e rentáveis da sua classe, provando-se em combate e em missões de treino avançado. Já o A-29N, que equipará a Força Aérea Portuguesa, representa uma evolução significativa, ao incorporar sistemas de comunicações, sensores e defesas compatíveis com a NATO, além de oferecer um salto qualitativo na formação de pilotos e na capacidade de projeção internacional.

Com esta aquisição, Portugal não apenas moderniza a sua frota, mas também se torna pioneiro europeu na operação de uma plataforma que alia baixo custo, elevada eficácia e total interoperabilidade NATO, reforçando assim a sua relevância operacional no seio da Aliança Atlântica.


 





























quinta-feira, 28 de agosto de 2025

A-29N voam rumo a Portugal sob a liderança dos “Lobos”

 

Foto: @papacharliegolfbr

Os três primeiros A-29N Super Tucano destinados à Força Aérea Portuguesa (FAP) iniciaram a sua travessia transatlântica rumo a Portugal. Após partirem do Aeroporto de Recife, as aeronaves seguiram para Fernando de Noronha, onde farão escala antes de prosseguir viagem até à Europa.


As aeronaves, identificadas como PT-CVN, PT-CYV e PT-CXA, cumpriram a primeira etapa do trajeto rumo à Europa, com aterragens previstas entre as 12h54 e as 13h20 (UTC). O grupo deverá permanecer em Fernando de Noronha até ao dia 30, quando prosseguirá viagem com destino a Cabo Verde e, finalmente, a território nacional.

Foto: @Jose R Araújo

A acompanhar esta travessia encontra-se o P-3C CUP+ Orion14807, da Esquadra 601 “Lobos”. A aeronave de patrulha marítima chegou ao Recife às primeiras horas do dia, após voo direto da Base Aérea de Beja, para assumir a liderança da formação ao longo do Atlântico. Com o seu radar de longo alcance e capacidades de vigilância, o Orion assegurará a proteção, a navegação e a segurança operacional dos novos caças ligeiros, conduzindo-os por rotas seguras e afastadas de fenómenos meteorológicos adversos.

                                            Foto: @Felipe Aviation

Esta travessia marca muito mais do que a chegada de três aeronaves: representa o início de uma nova etapa para a Força Aérea Portuguesa, que verá reforçada a sua capacidade de instrução avançada de pilotos, bem como o emprego em missões de apoio aéreo aproximado e outras operações táticas.

Foto: @Felipe Aviation

Recorde-se que Portugal adquiriu um total de 12 A-29N Super Tucano, cujo processo de incorporação agora se inicia, consolidando uma aposta estratégica no futuro da aviação de combate e treino nacional. 

Fonte: aereo.jor; Fotos: via aereo.jor com os respectivos créditos
































terça-feira, 26 de agosto de 2025

OGMA entrega o terceiro C-130H modernizado à Força Aérea Portuguesa

 


No dia 14 de agosto de 2025, a Força Aérea Portuguesa recebeu oficialmente o terceiro C-130H modernizado, em cerimónia realizada na Base Aérea Nº 6, no Montijo. A entrega marca um marco importante no processo de requalificação da frota da Esquadra 501 “Bisontes”. O HERKY31 (16803)  efectuou um voo de nove minutos de Alverca até à Base do Montijo ( adsb exchange ).

Contexto e programa de modernização

No âmbito de um ambicioso programa de atualização de quatro aeronaves C-130H (Hercules), a OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, S.A., procedeu à modernização profunda destas aeronaves na unidade de Alverca. Essa intervenção incluiu modificações estruturais e a atualização completa dos sistemas aviónicos, integrando novos equipamentos, sistemas de navegação e comunicação, conferindo ao cockpit tecnologia de ponta comparável às melhores práticas mundiais. 

O programa está inserido no contexto do SESAR – Single European Sky ATM Research, iniciativa europeia que visa modernizar o espaço aéreo, aumentando a segurança, capacidade e eficiência do tráfego aéreo, reduzindo custos e impactos ambientais.

O que mudou tecnicamente no C-130H 

A modernização da frota portuguesa de C-130H assenta no suite Collins Aerospace Flight2 (integrada pela OGMA), que substitui a cabina analógica por um glass cockpit e atualiza comunicações, navegação e vigilância para cumprir os requisitos CNS/ATM atuais na Europa. Em termos práticos, isto traduz-se em:

  • Cabina digital com múltiplos MFDs (displays multifunção) e instrumentação de motor digital, reorganizando a apresentação de parâmetros de voo e sistemas, reduzindo carga de trabalho e melhorando a consciência situacional. 
  • Novo sistema de gestão de voo (FMS), piloto-automático modernizado e espinha dorsal digital (data buses), que permitem perfis de navegação mais precisos (RNP), integração de sensores e maior fiabilidade. 
  • Atualização CNS: capacidades de ADS-B Out / Mode S, TCAS II (evitamento de colisões) e TAWS/EGPWS (alerta de terreno), elementos típicos dos retrofits Flight2 para acesso irrestrito ao espaço aéreo controlado. Navegação e aproximações de precisão via GNSS (capacidade para perfis RNAV/LPV quando equipados), alinhadas com o quadro SESAR que rege a harmonização do espaço aéreo europeu.
  • Comunicações renovadas (VHF/HF/UHF, intercom, e possibilidade de SATCOM quando configurado), assegurando interoperabilidade OTAN e conformidade regulatória.

Em síntese: o Flight2 dá ao Hercules português um cockpit e uma arquitetura de sistemas de geração atual, trazendo ganhos de segurança, interoperabilidade e disponibilidade – exatamente o que a FAP descreve no enquadramento do programa inserido no SESAR.

Estes avanços permitem à Esquadra 501 continuar a cumprir eficazmente a sua missão de executar operações de mobilidade aérea, tanto em contexto militar como de interesse público, nomeadamente  Operações de transporte aéreo logístico intra-teatro e inter-teatro; Operações aerotransportadas; Apoio a operações aéreas especiais; Operações de evacuação sanitária; Operações de busca e salvamento.

Relativamente ao andamento do 4.º (e último) C-130H, atendendo ao facto de que o 3.º ter sido entregue a 14 de agosto e considerando a previsão pública de concluir em 2025, é plausível que a entrega do último decorra no 4.º trimestre de 2025

Fonte: FAP e Collins Aerospace; Fotos: adsb e Collins Aerospace





























segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Primeiros A-29N da Força Aérea Portuguesa já voam rumo a Portugal

 

Hoje, os primeiros A-29N da Força Aérea Portuguesa decolaram da unidade da Embraer em Gavião Peixoto, Brasil, com destino à OGMA, em Portugal, onde receberão os equipamentos necessários para operarem de acordo com os requisitos operacionais da OTAN. A informação foi divulgada pela Embraer nas suas redes sociais e assinala um marco no programa de aquisição destas aeronaves de treino avançado e ataque leve, que fazem parte de um contrato de 12 unidades destinadas a equipar a Força Aérea Portuguesa.

A nova geração de treino avançado e ataque leve

A versão A-29N Super Tucano foi desenvolvida especificamente para os padrões da NATO, incorporando avionics e sistemas de última geração. Entre as suas principais características destacam-se:

  • Aviónica avançada: comunicações V/UHF compatíveis com NATO, SATCOM, enlace de dados Link 16, módulo DACAS (Digital Close Air Support) e transmissão de vídeo em tempo real via ROVER.
  • Autodefesa e vigilância: sistemas de alerta radar (RWR), contramedidas (chaff/flares) e sensor eletro-óptico para missões de ISR (Inteligência, Vigilância e Reconhecimento).
  • Poder de fogo: duas metralhadoras M3P calibre 12,7 mm na fuselagem, além de compatibilidade com bombas guiadas, foguetes e pods de armamento.
  • Robustez operacional: capacidade de operar em pistas curtas ou pouco preparadas, baixa manutenção e custos de operação reduzidos.

Com estas capacidades, os A-29N portugueses assumem-se como plataformas polivalentes, capazes de realizar treino avançado de pilotos, apoio aéreo próximo (CAS), missões JTAC, ISR e patrulha em cenários exigentes.


Contrato e cooperação industrial

O acordo assinado em 16 de dezembro de 2024 entre Portugal e a Embraer prevê a aquisição de 12 aeronaves A-29N Super Tucano, num investimento global de 200 milhões de euros. O pacote contempla ainda um simulador de voo, treino de tripulações, bens e serviços de apoio logístico.

Um dos pontos de maior relevância é o envolvimento direto da indústria nacional, com a OGMA a assumir papel central na integração dos sistemas e na sustentação futura da frota. O programa prevê ainda retornos industriais estimados em 75 milhões de euros, reforçando a base tecnológica e de defesa em território português.

Com esta aquisição, Portugal torna-se o primeiro país europeu a operar a versão A-29N, consolidando também a cooperação estratégica com a indústria aeronáutica brasileira. 


Um marco para a Força Aérea

A chegada dos primeiros A-29N representa um passo decisivo na modernização da Força Aérea Portuguesa, garantindo maior capacidade de treino e operações de ataque ligeiro, num investimento com forte retorno industrial e tecnológico.

Ao tornar-se pioneiro europeu na adoção do Super Tucano na sua versão NATO, Portugal reforça a sua capacidade de interoperabilidade com os aliados da Aliança Atlântica e abre caminho para uma nova era de cooperação no setor aeronáutico.

Fonte e fotos: Embraer

































sábado, 16 de agosto de 2025

MAFFS II – Reforço Aéreo no Combate a Incêndios para os “Bisontes”


Quarenta anos depois da primeira experiência da Força Aérea Portuguesa (FAP) com um sistema modular de combate aéreo a incêndios, a Esquadra 501 “Bisontes” prepara-se para receber uma nova capacidade que promete alterar de forma significativa a resposta nacional a este tipo de emergências. O Modular Airborne Fire Fighting System II (MAFFS II) é um módulo de combate a incêndios florestais que, instalado num C-130H Hercules, transforma o veterano avião de transporte numa plataforma aérea polivalente, capaz de lançar mais de 13 000 litros de água ou retardante químico por missão. 

A decisão de aquisição, tomada em Conselho de Ministros em agosto de 2025, insere-se numa estratégia de reforço das capacidades nacionais de resposta a catástrofes e incêndios rurais, integrando a FAP num restrito grupo de forças aéreas que operam este sistema. 

Antecedentes Históricos

A ligação da Força Aérea ao conceito MAFFS remonta a 1983, quando um sistema MAFFS I foi instalado num C-130H da Esquadra 501. Essa capacidade manteve-se ativa durante cerca de uma década, mas o sistema acabaria por ser retirado de serviço em meados dos anos 90 e alienado entre 2009 e 2013. Durante esse período, o país recorreu sobretudo a meios civis contratados para combate a incêndios, deixando a FAP sem uma solução orgânica deste género. 

O regresso agora anunciado marca uma viragem, com a adoção da mais recente evolução tecnológica: o MAFFS II. 

O que é o MAFFS II?

O MAFFS II é um sistema roll-on/roll-off de combate aéreo a incêndios, desenvolvido para ser instalado no compartimento de carga de aeronaves de transporte militar sem necessidade de modificações estruturais permanentes. No caso português, será aplicado aos C-130H da Esquadra 501, mantendo a flexibilidade para que estas aeronaves continuem a desempenhar as suas missões habituais de transporte tático e estratégico.

Capacidade de Descarga: O MAFFS II pode lançar aproximadamente 13 000 litros de água ou retardante, um aumento significativo face à versão anterior (cerca de 10 000 litros). Esta carga é libertada em poucos segundos, cobrindo uma faixa larga de terreno e criando barreiras de contenção eficazes.

Descarga Lateral Pressurizada: Uma das inovações mais relevantes é o sistema de descarga por bocal lateral pressurizado, que substitui a tradicional libertação pela rampa traseira. Esta solução mantém a pressurização da cabine, reduz o impacto aerodinâmico durante a missão e aumenta a segurança da operação.

Rapidez de Instalação e Recarga: O módulo pode ser montado ou removido em cerca de uma hora, permitindo alternar rapidamente entre missões de transporte e de combate a incêndios. A recarga de água ou retardante é igualmente célere, levando cerca de 12 minutos.

Redução de Desgaste e Custos: Ao evitar a libertação de retardante no interior da fuselagem, o MAFFS II diminui o risco de corrosão e reduz custos de manutenção. Além disso, por ser independente da aeronave, o seu ciclo de vida é gerido de forma autónoma.

Versatilidade de Utilização: Embora a sua missão principal seja o combate a incêndios, o sistema pode ser adaptado para outras funções, como a dispersão de produtos químicos em emergências ambientais ou operações de controlo agrícola.

Impacto Operacional para a FAP

A introdução do MAFFS II permitirá que a Esquadra 501 execute missões de combate a incêndios sem perder a capacidade de cumprir o vasto leque de tarefas atribuídas aos C-130H — desde transporte logístico e aeromédico até operações em teatros internacionais. Em cenários de crise, esta polivalência permitirá reforçar de imediato a resposta nacional, integrando o dispositivo aéreo de combate a incêndios com meios de elevada autonomia, alcance e capacidade de carga.

O regresso da Força Aérea Portuguesa ao combate aéreo direto a incêndios, agora com tecnologia de ponta, simboliza mais do que uma mera aquisição de equipamento. Representa a recuperação de uma capacidade estratégica, integrando-a num conceito operacional moderno e adaptado às exigências do presente. Com o MAFFS II, os “Bisontes” acrescentam ao seu já notável historial uma nova missão — uma que, tal como tantas outras, exige precisão, coordenação e coragem. 

Fonte e Fotos: U.S. Air Force





































sexta-feira, 15 de agosto de 2025

NATO Tiger Meet – Open Door 2025

 

No dia 27 de setembro de 2025, a Base Aérea Nº 11 (BA11), em Beja, abrirá as suas portas ao público para um evento único: o NATO Tiger Meet – Open Door. Integrado na 61.ª edição do NATO Tiger Meet, este será um dia especial em que qualquer visitante poderá assistir de perto a um autêntico dia de operações aéreas, com esquadras de vários países da NATO a cumprir as suas missões.

Ao contrário de um festival aéreo tradicional, o Open Door não se centrará apenas em demonstrações preparadas para o público, mas sim em mostrar a rotina operacional real durante o exercício multinacional. Quem visitar a BA11 poderá observar descolagens, aterragens e voos de treino exatamente como acontecem no decorrer do NATO Tiger Meet, proporcionando uma visão privilegiada do trabalho das tripulações e do ambiente intenso de um grande exercício aéreo.

As aeronaves estarão também em exposição estática, permitindo aos visitantes conhecer de perto máquinas de combate de última geração, muitas delas decoradas com as icónicas pinturas “tigre” que simbolizam o espírito deste encontro internacional.

O NATO Tiger Meet decorre em Beja de 21 de setembro a 3 de outubro de 2025 e reúne esquadras “tigre” da NATO e países parceiros para treino conjunto e troca de experiências operacionais. A edição deste ano prevê contar com cerca de 1 500 militares envolvidos e aproximadamente 70 aeronaves de 14 países.

Durante o Open Door, todas estas forças estarão em plena atividade: caças, helicópteros e aviões de transporte tático irão cumprir missões planeadas no âmbito do exercício, num ambiente coordenado com meios navais, terrestres, cibernéticos e espaciais.

Uma oportunidade rara de ver e ouvir de perto a preparação das missões, sentir o rugido dos motores no arranque e acompanhar o regresso das aeronaves ao fim de cada voo é algo que normalmente apenas o pessoal da base experiencia. 

O Open Door oferece ao público a realidade operacional da Força Aérea e dos seus aliados e será uma experiência imersiva, autêntica e rara, que permitirá sentir a intensidade de um grande exercício multinacional por dentro. Para quem gosta de aviação, ou simplesmente quer conhecer de perto a missão da Força Aérea Portuguesa e das forças aliadas, este será um dia imperdível. Fiquem bem, Jorge Ruivo
































sábado, 9 de agosto de 2025

Espanha abandona compra dos F-35 e reforça aposta na indústria militar europeia

 


O governo espanhol decidiu suspender indefinidamente a negociação para adquirir os caças F-35 da americana Lockheed Martin, optando por concentrar os seus investimentos em alternativas europeias — uma escolha com profundas implicações estratégicas, políticas e industriais. 

Contexto da decisão

Fim dos F-35: O Ministério da Defesa suspendeu todos os contactos com os EUA para a compra das variantes F-35A (Força Aérea) e F-35B (apta para o porta-aviões), cancelando planos que chegavam a contemplar 45-50 unidades do tipo A e 12-15 do tipo B, num orçamento inicial de cerca de €6,25 mil milhões. 

Investimento europeu: Através de um plano de aumento da despesa militar em mais de €10,5 mil milhões, o governo garantiu que 85-87 % dos recursos se destinarão à indústria de defesa europeia, penalizando assim a aquisição dos F-35 

Alternativas propostas

Eurofighter Typhoon: Já em operação na Força Aérea, com fábricas em Getafe e participação industrial significativa (14 % da produção localizada em Espanha)

FCAS (Future Combat Air System): Programa futurista conjunto com França e Alemanha para um caça de sexta geração com sistemas integrados, stealth e drones acompanhantes (loating munitions). Previsto para entrar em operação por volta de 2040

Outras plataformas europeias como o Rafale francês, o Gripen sueco ou os projetos Tempest/GCAP também são considerados. 

Consequências estratégicas e desafios

Para a Marinha: Os Harrier AV-8B serão retirados até 2030, mas sem substituto seguran te atualmente, pois o F-35B, que permitia operações no porta-aviões Juan Carlos I, foi descartado, criando um potencial vazio operacional naval

Para a Força Aérea: A aposta recai no Eurofighter para manter capacidades enquanto o FCAS amadurece. Contudo, o FCAS ainda enfrenta atrasos e disputas sobre partilha industrial. 

Motivações políticas e geoestratégicas

Autonomia estratégica: O governo espanhol vincou a importância de investir na indústria nacional e europeia em detrimento de soluções externas — uma resposta direta ao aumento da pressão dos EUA para elevar os gastos militares para 5 % do PIB, algo que Espanha rejeitou.

Tensões com os EUA e contexto europeu: A decisão ocorre num contexto de crescente desconfiança entre aliados europeus em relação à política dos EUA, especialmente sob Trump, que também criticou publicamente a Espanha por não elevar os gastos militares.

Fiquem bem, Jorge Ruivo












sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Força Aérea abre concurso para novas aeronaves de instrução elementar

 

A Força Aérea Portuguesa lançou oficialmente, no dia 7 de agosto de 2025, um concurso público para a aquisição de aeronaves de instrução elementar, conforme o Anúncio de procedimento n.º 21303/2025 publicado no Diário da República n.º 151/2025, Série II.

O procedimento, emitido pelo Estado-Maior da Força Aérea, tem um valor base de 7,3 milhões de euros (7 317 073,17 EUR) e prevê um prazo de execução de 70 meses. As propostas devem ser apresentadas até 4 de setembro de 2025 através da plataforma eletrónica ACINGov.

O objetivo é substituir os históricos Chipmunk Mk20, que cumprem missões de treino há 72 anos, garantindo meios modernos e seguros para a formação dos futuros pilotos militares.

Esta aquisição visa reforçar a capacidade de formação de novos pilotos, substituindo gradualmente aeronaves obsoletas e modernizando o treino inicial. O contrato abrange apenas bens móveis e não contempla fundos da União Europeia.

O lançamento deste concurso ocorre após o anúncio feito pelo Ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, em fevereiro de 2025, sobre a aquisição de 12 aviões de instrução básica Cirrus — operação igualmente associada ao Despacho n.º 11312/2024, de setembro do ano passado, que autorizou a despesa plurianual para a renovação da frota de instrução.

A abertura deste novo procedimento levanta a questão de saber se se trata de uma continuação, reforço ou reformulação da compra anunciada em 2024/2025. Poderá corresponder a uma segunda fase da renovação, a um ajuste do modelo técnico ou até à substituição do concurso anterior.

Independentemente da sua relação com processos anteriores, esta iniciativa reforça o compromisso da Força Aérea com a modernização dos meios de treino e a excelência na formação operacional, assegurando que as próximas gerações de pilotos militares disponham de recursos atualizados e alinhados com as exigências da aviação contemporânea.













Força Nacional Destacada ruma à Roménia para missão NATO

 


A Força Nacional Destacada (FND) Special Operations Maritime Task Unit partiu, esta semana, para a Roménia, no âmbito da missão Enhanced Vigilance Activities da NATO. 

Com uma duração prevista de quatro meses, esta missão tem como objetivo principal reforçar a prontidão operacional e a cooperação entre as nações aliadas. Ao longo deste período, a unidade portuguesa irá participar em múltiplos exercícios conjuntos com as Forças de Operações Especiais da Roménia e de outros países membros da Aliança Atlântica. 

O transporte da força foi assegurado por um avião KC-390 da Esquadra 506 – “Rinocerontes” da Força Aérea Portuguesa, sublinhando a capacidade estratégica e de projeção de forças que esta aeronave oferece ao país e à Aliança Atlântica.

Estas atividades visam aumentar a interoperabilidade entre forças, potenciar a capacidade de resposta rápida e reforçar a postura de dissuasão militar na região do Mar Negro — uma área de crescente relevância estratégica no atual contexto de segurança internacional.

A presença desta força portuguesa demonstra, mais uma vez, o compromisso de Portugal com a defesa coletiva e a segurança euro-atlântica, contribuindo ativamente para a robustez e credibilidade da NATO.

Fonte e foto: EMGFA















 


quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Tiger Meet 2025 — Esquadras “Tiger” confirmadas

 

Entre 21 de setembro e 3 de outubro de 2025, a Base Aérea Nº 11, em Beja, será o epicentro de um dos exercícios aéreos mais emblemáticos da NATO — o NATO Tiger Meet. Organizado este ano pela Esquadra 301 “Jaguares” da Força Aérea Portuguesa, o evento promete duas semanas de treino intenso, centrado na interoperabilidade e na partilha de táticas entre unidades que ostentam o símbolo do tigre nos seus emblemas.

O Tiger Meet é conhecido tanto pela exigência operacional dos voos — que simulam cenários de combate realistas, em missões ar-ar, ar-terra e apoio aéreo próximo — como pelo espírito de camaradagem e pelas icónicas pinturas especiais das aeronaves.

De acordo com a NATO Tiger Association, estão confirmadas 14 esquadras de voo e 9 participantes externos para a edição de 2025:

Esquadras de voo participantes

  • 21° Gruppo (ItAF) — HH.101 Caesar

  • 335 Mira (HAF) — F-16C/D Fighting Falcon

  • Esq 301 (PoAF) — F-16A/B MLU Fighting Falcon

  • 814 NAS (RN) — EH101 Merlin

  • 192 Filo (TuAF) — F-16C/D Fighting Falcon

  • Staffel 11 (ChAF) — F/A-18C/D Hornet

  • 142 Esc (SpAF) — EF-2000 Eurofighter

  • 211 TL (CzAF) — JAS-39C/D Gripen

  • TaktLwG 51 (GAF) — Tornado IDS & ECR

  • 1 AEW&C (NATO) — E-3A Sentry

  • 12° Gruppo (ItAF) — EF-2000 Eurofighter

  • 6 EL (PolAF) — F-16C/D Fighting Falcon

  • EHRA 3 (ALAT) — SA-342M Gazelle / EC-665 Tigre HAP / NH90

  • 2.Staffel (AAF) — EF-2000 Eurofighter

Participantes externos

  • 4F (FN) — E-2C Hawkeye

  • LTG 62 (GAF) — A400M

  • GFD (Civil) — Learjet

  • 3 MFG (MF) — Super Lynx Mk88A

  • Esq 506 (PoAF) — KC-390

  • Esq 552 (PoAF) — AW-119

  • Esq 601 (PoAF) — P-3C Orion

  • Esq 751 (PoAF) — EH101 Merlin

  • EsqHel da Marinha (PoN) — Super Lynx Mk95

Para além das missões operacionais, o Tiger Meet 2025 contará com momentos abertos ao público, onde será possível ver de perto as aeronaves pintadas com esquemas especiais e assistir a demonstrações aéreas.

O evento volta a reforçar a importância de Portugal na rede de treino tático da NATO e oferece à Força Aérea Portuguesa a oportunidade de treinar lado a lado com algumas das unidades mais experientes e prestigiadas da aviação militar europeia.

Fonte: natotigers.org















quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Portugal vai equipar aviões C-130 com kits de combate a incêndios

 

O Governo anunciou a aquisição de dois kits de combate a incêndios florestais destinados a equipar aviões C-130 Hercules da Força Aérea Portuguesa (FAP). O anúncio foi feito pelo Ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, e representa um investimento de cerca de 16 milhões de euros, integralmente suportado pelo Estado.

Medida insere-se numa estratégia mais ampla de reforço dos meios próprios do Estado, que inclui helicópteros Black Hawk e os futuros Canadair DHC-515.

Os kits, de conceção modular, incluem tanques com capacidade para 12 mil litros de água, permitindo operações de ataque direto com descargas únicas ou segmentadas. Os C-130, tradicionalmente utilizados em missões de transporte tático e logístico, passam assim a integrar a linha da frente no combate aos incêndios florestais, sobretudo em teatros de operações de maior escala.

“Não se trata de uma solução milagrosa, mas sim de um reforço importante da capacidade nacional”, sublinhou o ministro.

Apesar da aquisição já estar decidida, os kits não estarão operacionais durante a atual época de incêndios. Será necessário proceder à instalação nos aviões e à formação específica das tripulações e equipas de apoio.

Black Hawk e Canadair também reforçam a capacidade nacional, esta medida insere-se numa estratégia mais ampla de reforço da componente pública dos meios aéreos de combate a fogos. Recentemente, o Estado está na fase de aquisição de nove helicópteros UH-60 Black Hawk e está envolvido no programa europeu rescEU para a aquisição dos novos Canadair DHC-515.

Os Black Hawk, operados por entidades civis, têm sido usados em missões de ataque inicial e apoio tático, com elevada eficácia em zonas de difícil acesso. Já os DHC-515, que deverão começar a chegar a partir de 2027, vão substituir os antigos aviões anfíbios CL-215/415, permitindo a recolha rápida de água em albufeiras e rios e maior autonomia em operações de larga escala.

O objetivo do Governo é reduzir a dependência de meios contratados sazonalmente e dotar o país de uma força aérea permanente e especializada no combate a incêndios. A aposta em aeronaves pesadas próprias, como os C-130 adaptados e os helicópteros Black Hawk, permitirá respostas mais rápidas e eficazes, articuladas com os restantes meios civis e militares.